Salas Verdes

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quarta-feira, maio 19, 2010

Estudantes em Foco: Degradação da Mata Atlântica

Preocupado com a preservação dos ecossistemas inseridos na composição florestal da Mata Atlântica, o estudante Renato Carvalho foca sua pesquisa na relação entre o desenvolvimento urbano da cidade de Salvador e a consequente degradação do bioma Mata Atlântica.

O Desenvolvimento de Salvador e a Degradação da Mata Atlântica

Por Renato Carvalho

A Mata Atlântica é um conjunto de ecossistemas associados (restingas, manguezais, etc.) que formavam um grande contínuo florestal à época do descobrimento do Brasil.
Um ecossistema tem como fonte de energia externa a luz solar, que é captada pelas plantas, que a transformam em energia química e a utilizam na fotossíntese, sendo a primeira etapa no ciclo da energia e da matéria no ecossistema. A vantagem de todo ecossistema é a biodiversidade: é dinâmico e tem um número variável de organismos que freqüentemente se adaptam ao clima, disponibilidade de energia; tem capacidade de auto-regulação, mantendo-o em funcionamento perfeito, independente das variações ambientais (homeostase). A desvantagem do ecossistema é que existe um limite de auto-regulação. Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural, ou seja, sua resiliência, devido a distúrbios, que podem ser, ou naturais, ou antrópicos. Exemplos de distúrbios naturais são: deslizamento de terras, queda de árvores, incidência de raios, etc. Os distúrbios antrópicos são aqueles causados pela ação direta do ser humano. Com a ação antrópica de forma desordenada, a capacidade de auto-regulação dos ecossistemas diminui causando, impactos ambientais, que podem provocar danos irreparáveis. Salvador não foge à regra. A capital da Bahia se encontra na entrada da Baía de Todos os Santos, na costa brasileira. A Mata Atlântica se estende, ou pelo menos se estendia quase que continuamente, na faixa costeira, de Santa Catarina até o Rio Grande do Norte, recobrindo esta área onde a cidade se encontra.


O desenvolvimento acelerado da cidade vem acompanhado da constante degradação das áreas florestadas, influenciando na degradação do Bioma Mata Atlântica. O processo de expansão urbana e desenvolvimento acelerado da capital, a partir da década de 1950, aumentaram a demanda por áreas de residência, que antes se concentrava no centro, se estendendo às áreas de periferia. Grande parte da degradação da Mata causada pelo crescimento da cidade se deve ao mau planejamento dos prefeitos e governadores ao longo de seus 461 anos, resultante de políticas que favorecem o capitalismo selvagem e, conseqüentemente, contribuindo na instalação de indústrias, complexos residenciais e outros em áreas antes florestadas da cidade de Salvador.

A degradação das áreas florestadas da Mata Atlântica tem influência tanto política quanto social. Perceba: a Mata Atlântica possui uma Legislação Específica. Inclusive, é considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988. Porém, há um desrespeito e um descumprimento das leis por parte da população da cidade, no uso inadequado e na poluição das áreas de Mata. E, se por um lado há a interferência da população, há também a falta de uma postura rígida das autoridades responsáveis pela conservação ambiental, no sentido de preservarem o que ainda resta das florestas e de conscientizar a população local. Essa consciência é o que nos falta. E ela deve ser o produto de uma compreensão do processo de crescimento histórico de Salvador e a degradação da Mata, que envolve questões políticas e sociais, como citado anteriormente.
 
Renato Allan da Silva de Carvalho, tenho 16 anos, sou estudante do Colégio da Polícia Militar (Dendezeiros) cursando o II Ano do Ensino Médio, Bolsista de Iniciação Científica Júnior da FAPESB e orientado pela Profª. Rejâne Lira, coordenadora do Programa Social de Educação, Vocação e Divulgação Científica da Bahia.